sábado, 17 de outubro de 2009

TV preto-e-branco



São curiosas as situações que nos fazem lembrar de coisas que, na maioria das vezes, nos surpreendem quando decidem sair dos recantos adormecidos do passado e visitam de sopetão o nosso presente. Pois foi assim que aconteceu há algumas semanas atrás quando estive na casa de um grande amigo para comemorar seu aniversário.
Ele decidiu fazer uma agradável surpresa aos convidados colocando no tocador de DVD os episódios do "Speed Racer", aquele garoto prodígio das pistas de corrida e de outras superfícies, onde ninguém de bom senso jamais ousou colocar o próprio carro. Os episódios estavam com as dublagens originais mas o desenho era colorido.
Não entendeu o porquê do desenho ser colorido? É que, na primeira vez em que esse desenho foi exibido na TV brasileira (acho que na antiga rede Tupi, atual SBT), não havia televisores a cores, nem sequer transmissão a cores. Então, tudo o que víamos pela telinha era em preto-e-branco. Mas estamos tão acostumados com as cores da televisão atualmente que eu não me lembrava desse importante detalhe.
Mas um dos convidados lembrou e comentou com os demais. E ainda se lembrou de um acessório, restrito a algumas famílias mais abonadas da época, que consistia de um painel plástico com manchas coloridas distribuídas aleatoriamente e que era encaixado no vidro frontal dos televisores da época. Qual a finalidade desse painel plástico colorido? Mas é evidente: dar cor às imagens sempre acinzentadas que iluminavam os tubos catódicos de nossas antigas TVs.
Era verdadeiramente prazeiroso a um garoto de cinco anos poder enxergar seu personagem predileto ora amarelo, ora vermelho, ora azul, ora verde, ora com duas ou três tonalidades de cores ao mesmo tempo; tudo dependia da posição em que o personagem se encontrava na tela, já que as cores do painel plástico eram fixas, é claro.
O céu ficava amarelo, a geladeira vermelha, as árvores azuis, o cachorro verde, o apresentador do jornal vermelho e amarelo, uma coisa fantástica. Infelizmente meus pais não possuíam esse valioso acessório, então eu tinha que ir à casa de uma tia minha para poder usufruir de tal tecnologia. Como isso não era uma coisa frequente, cada oportunidade era um evento sem dúvida imperdível.
Bem pouco tempo depois as primeiras transmissões a cores começaram a funcionar no Brasil e o meu avô foi uma das primeiras pessoas a adquirir uma televisão a cores, da Philips, com fino acabamento externo em madeira. Um primor... e uma febre que atingia filhos e netos indistintamente. Naqueles tempos, tudo era mais difícil. Mas era deliciosamente melhor.

Um comentário:

  1. ô, pá !! Vc se esqueceu de mencionar a TV com controle remoto "com-fio", hehehehe

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