quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mensagem a Garcia



Foi um ano puxado, quero dizer, muito trabalho e um retorno menor que  o sonhado. Pouco ou nenhum reconhecimento pelo leão morto a cada dia. Regras, horários, inflexibilidades, cobranças. Um injustiçado; afinal, nesta vida quem não é? Assim eu pensei até me deparar com um texto do Elbert Hubbard, (1856 - 1915) filósofo e escritor estadunidense, que reproduzo abaixo. Gostei porque me fez refletir não sobre o estado em que me encontro mas sobre as minhas atitudes diante desse estado. Então, decidi para este fim de ano deixar aqui meus votos  de um Feliz Natal e um Próspero 2010 através da:

Mensagem a Garcia
Em toda esta história cubana há um homem que sobressai em minha memória, como Marte no periélio. Quando irrompeu a guerra entre Espanha e Estados Unidos, era muito necessário comunicar-se rapidamente com o líder dos rebeldes: Garcia. Ele se encontrava em algum lugar na fortaleza nas montanhas de Cuba; ninguém sabia exatamente onde. Nenhuma correspondência ou mensagem telegráfica podia alcançá-lo. O presidente dos Estados Unidos, William McKinley, devia garantir sua cooperação, e o mais depressa possível. O que fazer? Alguém disse ao presidente:
- Há um sujeito chamado Rowan que encontrará Garcia, se é que alguém pode encontrá-lo.
Rowan foi chamado e recebeu uma carta para entregar a Garcia. Como o "sujeito chamado Rowan" pegou a carta, guardou-a numa bolsa impermeável que prendeu sobre o coração, quatro dias depois desembarcou à noite de uma lancha, ao largo da costa de Cuba, desapareceu na selva e três semanas mais tarde saiu no outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um território hostil e entregado a carta a Garcia, são coisas que não tenho agora o desejo de relatar em detalhes. O ponto que quero ressaltar é o seguinte: McKinley deu uma carta a Rowan para entregar a Garcia; Rowan pegou a carta e não perguntou: "Onde ele está?"
Pela eternidade, aí está um homem cuja forma devia ser moldada em bronze imortal e a estátua colocada em todos os colégios! Não é de conhecimentos teóricos que os jovens precisam, nem de instruções sobre isso e aquilo, mas de um endurecimento das vértebras que os levem a serem mais leais a uma responsabilidade, a agirem prontamente, concentrando suas energias, a fazerem o que tem de ser feito - "Levar uma mensagem a Garcia". O General Garcia está morto agora, mas existem outros Garcias.
Nenhum homem que já se empenhou em realizar um empreendimento para o qual muitos outros tinham de colaborar deixou de ficar consternado às vezes pela indeterminação da média dos homens - a incapacidade ou indisposição de se concentrar numa coisa e fazê-la. A ajuda desleixada, a desatenção tola, a indiferença desmazelada e o trabalho desanimado parecem ser a regra; nenhum homem tem sucesso se não recorrer a todos os meios possíveis com a ajuda de outros para auxiliá-lo, a não ser que Deus, em sua bondade, realize um milagre e envie um Anjo de Luz como seu assistente. Imagine que você está sentado agora em seu escritório, com seis subordinados à disposição. Chame qualquer um e peça o seguinte:
- Por favor, procure na enciclopédia e me prepare um memorando breve sobre a vida de Correggio.
O subordinado vai simplesmente responder "Sim, senhor." e se empenhar no comprimento da tarefa? Pode estar certo de que isso não vai acontecer. Ele olhará para você como uma expressão apática e fará uma ou mais das perguntas seguintes:
- Quem foi esse senhor?
- Que enciclopédia?
- Onde está a enciclopédia?
- Fui contratado para isso?
- Não foi Bismarck que disse
- Por que Charlie não pode cuidar disso?
- Ele está morto?
- Tem pressa?
- Não prefere que eu traga a enciclopédia e que vcê dê uma olhada pessoalmente?
- Para que quer saber?
E aposto dez contra um como depois que você respoonder às perguntas, explicar como encontrar a informação e porque a quer, o subordinado vai sair e pedir a outro para ajudá-lo a tentar descobrir Garcia... e voltará mais tarde para dizer que tal homem não existe. Claro que posso perder a aposta, mas isso não deve acontecer pela Lei das Probabilidades.
Se você for sensato, não vai se dar ao trabalho de explicar ao "assistente" que Correggio está na letra C e não na K; em vez disso, vai sorrir docemente e dizer:
- Não importa.
E tratará de procurar pessoalmente.
Essa incapacidade de ação independente, essa estupidez moral, essa enfermidade da vontade, essa relutância em fazer as coisas com mais animação, são os fatores que adiam o socialismo puro para um futuro distante. Se os homens são incpazes de agir para si mesmos, o que farão quano seus esforços forem em benefício de todos? Um capataz implacável parece indispensável; e o temor de receber o "bilhete azul" no fim da semana é a única coisa que mantém muitos trabalhadores na linha. Anuncie que precisa de um estenógrafo e nove entre dez candidatos não saberão soletrar nem pontuar... e acham que isso não é necessário.
Alguém assim pode escrever uma carta a Garcia? Um capataz de uma grande fábrica me disse:
- Está vendo aquele guarda-livros?
- Estou sim. O que há com ele?
- É um ótimo contador, mas se eu o mandasse ao centro da cidade, em alguma missão, ele poderia ou não realizá-la. Seria bem capaz de fazer quatro paradas no caminho e depois esquecer o que tinha para fazer no centro.
Pode-se confiar que um homem assim leve uma mensagem a Garcia?
Temos ouvido ultimamente muita compaixão sentimental pelo "operário oprimido das fábricas exploradoras" e pelo "vagabundo sem lar à procura de um emprego honesto". Tais manifestações de simpatia são sempre acompanhadas por críticas rigorosas aos homens que estão no poder.
Mas nada se diz do empregador que envelhece prematuramente, na vã tentativa de levar imprestáveis desmazelados a realizarem um trabalho inteligente; nada se fala de seu esforço com os empregados que param de trabalhar no momento em que ele vira as costas. Em todas as lojas e fábricas há um constante processo de depuração. O empregador está sempre dispensando os que demonstram sua incapacidade de promover os interesses da empresa, e contratando outros. Não importa quão próspera seja a época, essa depuração continua, podendo às vezes se tornar terrível quando o trabalho é escasso - mas sempre, invariavelmente, os incompetentes e imprestáveis são dispensados. É a sobrevivência dos mais capazes. O interesse próprio leva cada empregador a conservar os melhores - aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.
Conheço um homem que é realmente brilhante em muitas coisas, embora não tenha a capacidade de administrar seu próprio negócio; e é absolutamente inútil para qualquer outro, porque mantém a suspeita absurda de que o empregador o está oprimindo ou não adimite recebê-las. Caso lhe fosse entregue uma mensagem para levar a Garcia, provavelmente encararia o responsável como um Shylock ganancioso e avaro e diria: "Leve você mesmo!" Considera todos os homens de negócios como escroques e constantemente usa o termo "comercial" como um epíteto depreciativo. Esta noite este homem caminha pelas ruas à procura de trabalho, o vento assoviando por seu casaco puído. Ninguém que o conheça se atreve a contratá-lo, pois é um permanente atiçador de insatisfações. É impermeável à razão e a única coisa que pode impressioná-lo é o bico de uma botina grande.
Claro que sei que se deve ter tanta pena de uma pessoa tão deformada moralmente quanto se sente de um deficiente físico; mas, em nossa compaixão, vamos derramar também uma lágrima pelos homens que estão se empenhando em promover um grande empreendimento, cujas horas de trabalho não são limitadas pelo apito da fábrica e cujos cabelos embranquecem rapidamente, em decorrência da luta para manter na linha a indiferença desleixada, a imbecilidade total e a ingratidão insensível de todos os que estariam passando fome e desabrigados, se não fosse pela iniciativa deles.
Será que apresentei o problema com muita veemência? É bem possível; mas quando o mundo inteiro se apraz em divagações, quero apresentar uma palavra de solidariedade pelo homem que alcança o sucesso - o homem que, contra todas as desvantagens, orientou seus esforços e foi bem sucedido, para descobrir que nada há no sucesso além de casa, comida e roupas. Já andei com uma marmita e também já fui patrão; sei que há algo a dizer pelos dois lados. Não há excelência por si mesma na pobreza; trapos não são uma recomendação; e nem todos os patrões são gananciosos e arrogante, assim como nem todos os pobres são virtuosos. Meu coração se enternece pelo homem que realiza seu trabalho quando o "chefe" está ausente, com o mesmo empenho que demonstra em sua presença. E pelo homem que, ao receber uma carta para entregar a Garcia, pega-a sem fazer perguntas idiotas e sem a intenção de jogá-la no bueiro mais próximo, sem pensar em outra coisa que não encontrar o destinatário. Pelo homem que nunca é "despedido" nem precisa entrar em greve por melhores salários. A civilização é uma busca longa e ansiosa por pessoas assim. Ele é desejado em todas as cidades e aldeias, em cada escritório, loja e fábrica. O mundo clama por sua presença. Ele é necessário e muito: o homem que pode levar uma Mensagem a Garcia.

domingo, 8 de novembro de 2009

Cartum - II

Dando sequência aos cartuns que estou produzindo, este aqui foi enviado para a 2o. Salão Internacional de Humor de Mazatlán, no México, cujo tema é: Deus.


A técnica tem sido a mesma: desenho passado a nanquim e colorido pelo computador.

Cartum - I

De repente bateu a vontade de participar dos salões internacionais de humor e, assim sendo, comecei a rascunhar alguns desenhos conforme o tema do evento, ou de acordo com o meu gosto quando o tema é livre. Abaixo meu primeiro cartum propriamente dito, para o 1o. Salão de Humor de Campinas, cujo tema é: Meio-ambiente.


Desenho feito com nanquim, escaneado e colorido por computador; cômico num primeiro relance mas imediatamente nos remete à reflexão. Bom, essa foi a intenção.

sábado, 17 de outubro de 2009

Jogos de Tabuleiro - III




Nesta postagem sobre jogos de tabuleiro, finalizo a apresentação dos jogos de perseguição envolvendo animais. O jogo abaixo é conhecido como "Jogo das vacas e dos leopardos" e seu traçado lembra muito o adugo, dos índios Bororos. Segundo apurei, este aqui tem origem no Sri Lanka:




Vamos às regras, que são um pouco diferentes das regras do adugo:
  •  O jogador 1 tem duas pedras na cor vermelha. Estas pedras são os leopardos. O jogador 2 tem 24 pedras na cor azul. Estas são as vacas;
  • O jogador 1 inicia a partida colocando um leopardo em qualquer casa do tabuleiro. Uma casa é a intersecção de duas ou mais linhas do traçado. O jogador 2 em seguida coloca uma vaca em qualquer casa do tabuleiro;
  • O jogador 1 agora coloca mais um leopardo em qualquer casa do tabuleiro, seguido do jogador 2 que colocará uma vaca também em qualquer casa que desejar;
  • As vacas e os leopardos podem se movimentar somente uma casa de cada vez seguindo as linhas do tabuleiro, em qualquer direção, desde que a casa de destino esteja vazia;
  • O jogador 1 inicia o movimento do leopardo, uma casa de cada vez. O jogador 2 continuará a posicionar uma vaca por jogada. Somente quando as 24 vacas estiverem no tabuleiro é que o jogador 2 poderá iniciar a movimentação das vacas, uma casa por jogada para a pedra (a vaca) que escolher movimentar;
  • Um leopardo pode eliminar uma vaca pulando sobre ela para uma casa vazia adjacente àquela em que a vaca se encontra. Geralmente os leopardos começam a eliminar as vacas antes que todas tenham sido colocadas sobre o tabuleiro. As vacas não eliminam os leopardos, elas devem tentar cercá-los, impedindo seu movimento;
  • Os leopardos ganham se eliminarem tantas vacas que as que sobrarem no tabuleiro não sejam mais suficientes para cercá-los, impedindo que se movimentem. Ganham as vacas se forem capazes de cercar totalmente os dois leopardos, impedindo que se movimentem.
Aí está: mais um tabuleiro para a coleção que está se formando. Bom divertimento!

TV preto-e-branco



São curiosas as situações que nos fazem lembrar de coisas que, na maioria das vezes, nos surpreendem quando decidem sair dos recantos adormecidos do passado e visitam de sopetão o nosso presente. Pois foi assim que aconteceu há algumas semanas atrás quando estive na casa de um grande amigo para comemorar seu aniversário.
Ele decidiu fazer uma agradável surpresa aos convidados colocando no tocador de DVD os episódios do "Speed Racer", aquele garoto prodígio das pistas de corrida e de outras superfícies, onde ninguém de bom senso jamais ousou colocar o próprio carro. Os episódios estavam com as dublagens originais mas o desenho era colorido.
Não entendeu o porquê do desenho ser colorido? É que, na primeira vez em que esse desenho foi exibido na TV brasileira (acho que na antiga rede Tupi, atual SBT), não havia televisores a cores, nem sequer transmissão a cores. Então, tudo o que víamos pela telinha era em preto-e-branco. Mas estamos tão acostumados com as cores da televisão atualmente que eu não me lembrava desse importante detalhe.
Mas um dos convidados lembrou e comentou com os demais. E ainda se lembrou de um acessório, restrito a algumas famílias mais abonadas da época, que consistia de um painel plástico com manchas coloridas distribuídas aleatoriamente e que era encaixado no vidro frontal dos televisores da época. Qual a finalidade desse painel plástico colorido? Mas é evidente: dar cor às imagens sempre acinzentadas que iluminavam os tubos catódicos de nossas antigas TVs.
Era verdadeiramente prazeiroso a um garoto de cinco anos poder enxergar seu personagem predileto ora amarelo, ora vermelho, ora azul, ora verde, ora com duas ou três tonalidades de cores ao mesmo tempo; tudo dependia da posição em que o personagem se encontrava na tela, já que as cores do painel plástico eram fixas, é claro.
O céu ficava amarelo, a geladeira vermelha, as árvores azuis, o cachorro verde, o apresentador do jornal vermelho e amarelo, uma coisa fantástica. Infelizmente meus pais não possuíam esse valioso acessório, então eu tinha que ir à casa de uma tia minha para poder usufruir de tal tecnologia. Como isso não era uma coisa frequente, cada oportunidade era um evento sem dúvida imperdível.
Bem pouco tempo depois as primeiras transmissões a cores começaram a funcionar no Brasil e o meu avô foi uma das primeiras pessoas a adquirir uma televisão a cores, da Philips, com fino acabamento externo em madeira. Um primor... e uma febre que atingia filhos e netos indistintamente. Naqueles tempos, tudo era mais difícil. Mas era deliciosamente melhor.

domingo, 4 de outubro de 2009

Quadrinhos - II

Após algum tempo matutando sobre uma nova história em quadrinhos do Vinagretson, eis que apresento o trabalho resultante, para começar o mês de Outubro com uma nova postagem.





domingo, 13 de setembro de 2009

Quadrinhos - I

Vinagretson é um cara legal. Seus primeiros traços começaram a surgir quando eu cursava a faculdade, lá pelos meus 21 anos, mas seu nome surgiu somente há pouco tempo atrás. Esta é a primeira tirinha que faço dele, aproveitando os recursos atuais da informática e dos blogs.




Verdade verdadeira, essa história aí de cima ocorreu comigo, quando resolvi fazer o bendito estrogonofe de camarão. Até o creme de leite e os demais ingredientes (molho inglês, mostarda, catchup) estava tudo caminhando bem. Mas quando resolvi colocar curry... sim, as imagens do galinheiro da minha avó em Portugal, isso há mais de 32 anos atrás, vieram como um soco em minha mente, imagens frescas como se eu estivesse estado lá há apenas alguns minutos! Nunca pensei que os aromas pudessem nos remeter a lugares ou nos fazer reviver situações tão comuns com tanta vivacidade! Não é preciso dizer também que o estrogonofe foi para o lixo...

domingo, 6 de setembro de 2009

Jogos de Tabuleiro - II

 
Uma variante do jogo da onça e dos cachorros, tratado na postagem anterior, é chamado de "jogo da raposa e dos gansos". Do que pude apurar em outros sítios da Internet, este jogo tem origem européia e, dependendo da região, também é conhecido por jogo da raposa e das galinhas ou ainda jogo do lobo e das ovelhas. A figura abaixo mostra o traçado e a disposição das peças deste jogo:

 
Nesta variante, as pedras azuis são os gansos e a pedra vermelha, a raposa. As regras são as seguintes: antes de se iniciar o jogo a raposa pode ser colocada em qualquer casa vazia à escolha do jogador. Uma casa é a intersecção entre duas linhas quaisquer. A posição dos gansos para iniciar o jogo é fixa, como indicada na figura. Os gansos sempre começam o jogo. Tanto os gansos quanto a raposa podem se mover uma casa por vez em qualquer direção, desde que a casa esteja vazia. Como no jogo da onça e dos cachorros, a raposa pode pular sobre um ganso para uma casa vazia e eliminá-lo ou pode eliminar mais de um ganso numa única jogada se a disposição das peças permitirem esse movimento; já os gansos só podem cercar a raposa, tentando privá-la de movimento no tabuleiro. Vence a raposa se for capaz de eliminar tantos gansos que os que sobram no tabuleiro não são mais capazes de cercá-la. Vencem os gansos se forem capazes de cercar a raposa, impedindo qualquer movimento seu.
Pelo que pude apurar, as regras do jogo favorecem os gansos. Para tornar a partida mais equilibrada, talvez fosse o caso de alterar o traçado do jogo, que na configuração acima permite apenas o movimento dos gansos e da raposa semelhante ao da torre no xadrez. Uma opção seria incluir um traçado que permita a movimentação não apenas semelhante ao da torre mas também o movimento do bispo, ou seja, na diagonal. Abaixo, um possível traçado para melhorar o equilíbrio de forças:
Se mesmo assim se concluir que os gansos levam vantagem, podemos efetuar uma última mudança nas regras, permitindo que a raposa movimente-se na horizontal, na vertical e nas diagonais e os gansos somente na horizontal e na vertical. É isso aí: mais um jogo para a coleção.

sábado, 5 de setembro de 2009

Jogos de Tabuleiro - I


Jogos de computador têm se mostrado extremamente versáteis, seja nas estratégias adotadas, seja nos gráficos que compõem as cenas, seja na inteligência artificial que atua como nosso oponente. A Internet favorece também a disseminação de jogos com múltiplos jogadores em cenários beligerantes incríveis, permitindo uma miríade de possibilidades de ação em partidas intermináveis nunca antes vistas em jogos de qualquer categoria.
A infinidade de títulos disponíveis e a disseminação dos computadores em nossos lares vêm transformando nossos bons e saudosos jogos de tabuleiro em brinquedos fora de moda, inclusive porque é possível encontrar jogos de tabuleiro digitais, como é o caso clássico do jogo de xadrez.
Entretanto, o preço que os jogos de computador nos impuseram foi o isolamento social.  Sim, podemos nos encontrar em uma partida atuando contra ou como aliados a milhares de outros jogadores, mas estamos sozinhos, num quarto ou numa sala, e aquela multidão do outro lado do computador são anônimos sem rosto e sem nenhum vínculo emocional, meras inteligências não artificiais aplicando suas estratégias na ânsia de conseguir mais pontos ou alcançar novos níveis de batalha. Infelizmente, não há clima pra enviar uma mensagem instantânea a qualquer mero desconhecido durante um ataque virtual a um castelo e perguntar:
- E aí, será que passa o projeto do pré-sal?
A vantagem insuperável de um jogo de tabuleiro real é sua capacidade intrínseca de reunir ao menos duas pessoas, amigas o suficiente para que se coloquem frente a frente numa partida enquanto compartilham de momentos agradáveis, como conversar sobre qualquer amenidade que venha à telha, enquanto bebericam alguma coisa e aguardam os espetinhos de carne e de frango assando na churrasqueira. Além disso, se levarmos um tabuleiro para um parque hoje em dia, o máximo que pode nos acontecer é ganhar uma platéia atônita e curiosa para saber o que estamos fazendo ali sentados, compenetrados, olhando para uma placa cheia  riscos e de pequenas peças espalhadas sobre ela; porém, se tentarmos levar nosso notebook a esse mesmo parque para jogar qualquer coisa nele é porque gostamos de correr muitos riscos, regados a adrenalina...
Foi pensando nisso tudo que resolvi criar esta postagem que, espero, seja a primeira de uma série que virá, referente aos jogos de tabuleiro. Minha intenção principal é apresentar não os jogos mais conhecidos, como é o caso do xadrez ou do jogo de damas, porque existe gente muito mais gabaritada que eu para falar deles e também porque são jogos amplamente difundidos mesmo aqui no Brasil. Antes, pretendo apresentar os jogos extremamente antigos e de preferência pouco conhecidos do público em geral, cujas regras sejam deduzidas ou tenham sido recriadas sob hipóteses, baseadas em relatos antigos ou através de observações arqueológicas. Ressalto ainda que qualquer um desses jogos encontram-se em inúmeros sítios da Internet; meu objetivo neste caso é reunir, em língua portuguesa, tudo que me soe interessante e aderente ao propósito desta série de  postagens.
Assim sendo, o primeiro jogo que pretendo abordar é o "Jogo da onça e dos cachorros". Conhecido dos índios Bororos do Mato Grosso, e por eles chamado de adugo, é semelhante ao jogo do puma, este de origem inca. Escavações arqueológicas em ruínas pré-colombianas na região de Cuzco encontraram riscados idênticos aos utilizados pelos índios brasileiros. A imagem abaixo mostra como é o traçado do jogo e a disposição das peças, executada pelos Bororos:
 
 Abaixo reproduzo o traçado do jogo e a disposição das peças com mais detalhes:




No desenho acima, as peças azuis (14 no total) representam os cachorros e a peça vermelha a onça. As regras são bastante simples: o jogador que joga com a onça sempre começa o jogo. Tanto os cachorros quanto a onça podem se deslocar uma casa em qualquer direção ao longo das linhas, desde que a casa de destino se encontre vazia. Uma casa é a intersecção de duas ou mais linhas quaisquer do traçado.
A onça pode eliminar um cachorro pulando sobre ele para uma casa vazia, do mesmo modo que movimentamos as pedras no jogo de damas. Também como no jogo de damas, a onça pode eliminar mais de um cachorro num único lance, se a disposição das peças assim a permitir. Os cachorros não eliminam a onça, eles apenas devem tentar cercá-la, impedindo que consiga se movimentar em qualquer direção. Os cachorros ganham a partida se encurralarem a onça, impedindo seu movimento, seja pulando sobre um cachorro para uma casa vazia, seja fugindo para qualquer casa vazia adjacente à que se encontre. A onça por sua vez vence a partida se eliminar tantos cachorros que os restantes não sejam mais capazes de cercá-la.
A vantagem deste jogo é que podemos riscá-lo no chão à moda dos Bororos, na areia se estivermos na praia, ou desenhá-lo numa folha de papel. As peças podem ser tampinhas de garrafa ou pedrinhas. Agora não há como alegar que a falta de uma tomada ou de um computador nos impeçam de aproveitar o tempo com uma brincadeira agradável.

sábado, 29 de agosto de 2009

Giz de cera


Porque algumas pessoas gostam de sorvete e outras de sanduíche? Porque alguns conseguem ter plantas exuberantes em seu jardim e outros sequer fazem o mato crescer nos vasos? Teríamos algo a dizer daqueles indivíduos que, mesmo na mais tenra idade, são capazes de desenhar traços precisos sobre uma folha de papel para representar aquilo que visualizam enquanto outros jamais conseguirão fazer uma letra "O" redonda, por mais que mordam suas línguas nessa inglória tarefa?
Se é querer demais dizer quem somos em essência, de onde vem nossos gostos e preferências bem como nossas antipatias e relutâncias, por outro lado resumir nós mesmos a esta máquina orgânica, a este artefato biológico altamente desenvolvido que chamamos de ser humano é querer de menos.
Fato é que desde muito pequeno sempre fui questionador, e gostava de explorar possibilidades novas em brincadeiras pueris, em geral sozinho, sem abordar adultos; afinal, aquilo eram assuntos capitais meus. Por isso, lá pelas tantas, estou diante dos meus gizes de cera e me pergunto:
- Será que sou tão rápido quanto penso ser?
O ser tão rápido neste caso possuía condições de contorno bastante exigentes para o experimento que começava a se desenhar em minha mente: sentado no sofá da sala eu deveria atirar um giz de cera para o alto e para trás, levantar-me do sofá imediatamente após o arremesso, dar-lhe a volta e alcançar o giz antes que atingisse o chão.
Definidas as regras, lá me encontro sentado no sofá com o giz de cera na mão. O experimento começa: atiro o giz para o alto mas, antes mesmo de me levantar, ouço um póf atrás de mim. Vou até a origem do barulho e lá está o meu giz, estatelado, partido em três pedaços no chão.
Não deu certo. Refaço meus cálculos: preciso que o giz suba mais alto, para dar tempo de sair do sofá. Então pego meu segundo giz e o arremesso para cima com mais força que o primeiro. Com a força aplicada, o infeliz se estatela ainda no teto, e um dos pedaços atinge minha cabeça.
Vendo os resultados obtidos até aquele momento com meu experimento, chego à conclusão de que a coisa não vai bem. Foram dois preciosos gizes perdidos e estes não dão em árvores. Mas a ciência merece uma resposta e decido por um último teste. Pego meu terceiro e derradeiro giz de cera, mal me apóio no sofá para facilitar minha movimentação. Tudo pronto, resta-me arremessar o coitado em direção aos ares. Feito o arremesso, saio em disparada para trás do sofá mas... cadê o giz de cera? Nenhum barulho, nenhum movimento inesperado... então o vejo agarrado ferozmente à cortina de tule através de um fiapo do papel que envolve o seu corpo. Consolei-me:
- Este pelo menos não se quebrou.
O experimento havia chegado ao fim. Concluí que, ser rápido ou não era uma questão secundária. O importante era ter giz de cera em condições de uso para meus desenhos.

Coroas de reis

 Minha casa tinha um grande quintal cimentado, onde era possível jogar bola e andar de bicicleta com tranquilidade e sem aperto. Mas nos dias de chuva era dentro de casa que eu ficava, e nesses dias era preciso brincar de modo diferente: com carrinhos de plástico colorido, assistir aos meus desenhos animados favoritos na televisão preto-e-branco, ou quem sabe rabiscar e colorir folhas de papel com meus gizes de cera e canetas hidrográficas.
Mas naqueles dias estava chovendo muito e prolongadamente e eu, já entediado de brincar, resolvi olhar a chuva que caía no quintal pela janela da sala. E ao observar as gotas batendo no chão, notei que formavam uma silhueta que lembrava uma coroa de rei ou rainha. E pensei:
- Porque será que a chuva forma coroas de reis no chão?
E num esforço filosófico infantil para decifrar tal mistério, cheguei a esta conclusão:
- Com certeza, cada coroa que se forma no chão representa um rei ou rainha que existiu neste mundo!
A chuva caía forte, com intensidade, e milhões de gotas batiam no chão, formando a tal figura. Eu mal sabia contar até 5, que era a minha idade por aquela época, mas pude entender claramente que aquela infinidade de coroas eram muito mais que cinco. E voltei a me questionar:
- Puxa, mas será que existiram tantos reis e rainhas no mundo? É muita coroa!
Não tendo uma resposta plausível para essa intricada pergunta existencial, resolvi esquecer as coroas por um tempo e fui me dedicar a comer alguns ovinhos de amendoim na cozinha. Fato é que gosto até hoje de ver essas coroinhas se formando toda vez que a chuva cai.

O pinheiro


A casa da minha bisavó ficava na mesma quadra em que eu morava, do outro lado da rua, uns 30 metros acima. Era construída abaixo do nível da calçada e para chegar até ela abríamos um pequeno portão azul, de madeira, e descíamos alguns degraus da escada de cimento até dar num corredor no meio do terreno. Do lado direito, havia verduras plantadas: couve, cebolinha, manjericão e um pouco mais à frente a casinha do cachorro vira-lata preto-e-branco, cujo nome não me lembro mais. Do lado esquerdo ficava a casa e um pequeno jardim à frente, onde se destacavam as gestas, um arbusto comprido e fino de muitos galhos e quase sem folhas, com pequenas e perfumadas flores amarelas.

Da casa propriamente o que eu mais gostava era da sala. Na entrada, à esquerda, havia um grande sofá preto e do lado direito um móvel que parecia uma penteadeira, onde ficavam expostos alguns ferros de passar roupa a carvão. Sim, minha bisavó passou muita roupa com ferro a carvão. Nas paredes, muitas fotos emolduradas. Dentre estas, uma particularmente me chamava a atenção: nela aparecia um menino, que talvez não tivesse mais que um ano de idade. Vestia uma roupinha branca, que hoje lembraria mais uma camisola de dormir, com uma gola grande e calçava sapatinhos pretos envernizados. O menino estava sentado no chão e olhava fixamente para frente, em direção ao fotógrafo e atrás dele se via um pequeno arbusto, que aparentava um pinheirinho. Eu tinha então uns quatro anos e perguntei à minha bisavó quem era aquele menino. Ao que ela me respondeu:
- Esse menino era meu filho, mas ele não está mais aqui.
Minha bisavó perdera aquele filho ainda bem pequeno e pelo que me consta a foto havia sido tirada pouco  tempo antes dele falecer. E perguntei a ela:
- E onde ele está agora?
E ela, talvez não sabendo como abordar um assunto tão delicado a uma criança, me veio com esta:
- Está vendo aquele pinheirinho atrás dele?
Eu respondi que sim. Ela continuou:
- Então, o pinheirinho cresceu muito rápido, os galhos pegaram ele como se fossem uma mão e o levaram para o céu.
Eu fiquei espantado com aquilo. Perguntei muito admirado:
- O pinheirinho levou ele pro céu? E a senhora não pegou ele antes do pinheirinho crescer?
Ela respondeu:
- Não deu tempo de pegá-lo meu filho. Mas deixa isso pra lá, vai brincar.

Bom, dá pra imaginar o impacto que tal revelação causou a mim com aquela idade. Passou-se o tempo, umas semanas talvez, e um belo dia estou na casa da minha avó, que também morava na mesma quadra que eu, e ela estava cuidando de seu jardim. E o que havia bem no meio do jardim de minha avó? Sim, um belo e grande pinheiro. Como o jardim era pequeno, a roupa da minha avó roçava no pinheiro. Não preciso dizer o pânico que aquilo me causou. Imediatamente eu avisei minha avó:
-Vó, não encosta no pinheiro senão a senhora vai pro céu!
Minha avó, que não deve ter entendido o que eu havia dito, talvez entretida que estava cuidando das plantas, respondeu:
- Tá, nego.
Mas a blusa de minha avó teimava em encostar no bendito pinheiro, e tornei a avisá-la:
- Vó, cuidado pra não encostar a roupa no pinheiro, senão a senhora vai pro céu!
Afinal, o que minha mãe me diria se o pior acontecesse? Algo do tipo:
- Tua avó estava encostando no pinheiro e você nem pra avisá-la? Olha o que aconteceu: ela foi pro céu!
 Não, não podia vacilar nesse momento. Porém, minha avó não estava endendendo nada daquilo e me perguntou:
- O pinheiro vai me levar pro céu, nego? Me conta essa história direito!
Então expliquei o relato tenebroso de minha bisavó e o porquê de minha preocupação. Minha avó, ao entender a situação, balançou a cabeça e apenas disse:
- Ai, a minha mãe... tá nego, o pinheiro não cresce rápido e não leva ninguém pro céu, entendeu? Pode encostar nele o quanto quiser que ele não leva ninguém pro céu. Tá vendo? Esquece isso e vai brincar.
Pois é, para um adulto é fácil lidar com essas coisas. Mas com uma criança não é bem assim: minha bisavó conta uma coisa, minha avó outra e eu é que tenho que enfrentar os pinheiros da vida... Fato é que, depois de um tempo, quando eu estava com cerca de seis anos e entendia um pouco melhor essas coisas, percebi que de fato as árvores não cresciam assim tão rápido nem nunca mais ouvi o comentário de alguém que tivesse ido para o céu por culpa de um pinheiro e pude, enfim, me tranquilizar e encarar os pinheiros como árvores bonitas como quaisquer outras, porém com uma ressalva: eles têm para mim uma história para contar.

sábado, 22 de agosto de 2009

Cadê o toucinho?

De volta aos contos antigos: este conto era minha mãe que me contava. Para isso, punha-me em seu colo; com uma mão pegava minha mão e a esticava com a palma virada para cima. Com sua outra mão, formava uma espécie de bico juntando o indicador e o polegar. E esse bico, formado pelos dois dedos, bicavam a palma da minha mão aberta, enquanto ela começava a historinha, dizendo:

- Cadê o toucinho que estava aqui?

E eu respondia:

- O gato comeu.

E assim, sucessivamente, íamos ela perguntando e eu respondendo:

- E cadê o gato?
- Fugiu pro mato.
- Cadê o mato?
- O fogo queimou.
- Cadê o fogo?
- A água apagou.
- Cadê a água?
- O boi bebeu.
- Cadê o boi?
- Está amassando o trigo.
- Cadê o trigo?
- A galinha espalhou.
- Cadê a galinha?
- Está botando o ovo.
- Cadê o ovo?
- O padre comeu.
- Cadê o padre?
- Está rezando a missa.
- Cadê a missa?
- Está no altar.
- Cadê o altar?
- Está no seu lugar.
E minha mãe terminava dizendo:
- E o lugar? É por aqui, é por aqui, é por aqui, e com os dedos em forma de bico me fazia cócegas.

Essa historinha minha mãe aprendeu com meu avô, que nasceu para aqueles lados da Guarda, em Portugal, que deve ter aprendido esse pequeno diálogo com seus pais ou avós. Mais um para a coleção.

O menino e o gato

Por causa da foto dos gatos embriagados da postagem anterior, lembrei-me de uma história de minha infância que tem um gato entre seus personagens. O conto que conto abaixo pode ser pequeno ou longo, depende da paciência do contador e dos que lhe dão ouvidos. Meu pai me contava essa história, que por sua vez aprendeu com sua avó, lá para aqueles lados de Trás-os-Montes, em Portugal. E porque me agradava - e ainda me agrada - muito essa historinha, resolvi registrá-la:
Um menino andava pelo caminho até sua casa quando encontrou um gato. O gato era seu amigo e possuía um ninho de passarinhos. E o menino disse ao gato:
 - Ó seu gato, você poderia me dar um pássaro?
E o gato responde ao menino:
- Sim, mas para te dar um pássaro eu preciso de um pouco de leite!
O menino volta a caminhar e encontra mais à frente uma cabrita. E diz assim à cabrita:
- Ó dona cabrita, a senhora poderia me dar um pouco de leite, pro leite dar ao gato, pro gato me dar um pássaro?
E a cabrita responde:
- Sim, te dou o leite, mas para isso preciso de um pouco de capim!
Então o menino torna a caminhar e encontra um campo cheio de capim. E diz assim ao campo:
- Ó seu campo, o senhor podia me dar um pouco de capim, pro capim dar pra cabrita, pra cabrita dar o leite, pro leite dar ao gato, pro gato me dar o pássaro?
E o campo responde:
- Sim, te dou o capim, mas para isso preciso de um pouco de água!
E o menino torna a caminhar até encontrar-se com o riacho. E diz ao riacho:
- Ó seu riacho, o senhor poderia me dar um pouco de água, pra água dar ao campo, pro campo dar o capim, pro capim dar à cabrita, pra cabrita dar o leite, pro leite dar ao gato, pro gato me dar o pássaro?
E o riacho diz ao menino:
- Sim, posso dar-te a água, mas para isso preciso de um pouco de chuva!
Então o menino torna a andar pelo caminho e se depara com uma nuvem no céu. E diz à nuvem:
- Ó dona nuvem, a senhora poderia me dar um pouco de chuva, pra chuva dar ao riacho, pro riacho dar a água, pra água dar ao campo, pro campo dar o capim, pro capim dar à cabrita, pra cabrita dar o leite, pro leite dar ao gato, pro gato me dar um pássaro?
Bom, e assim vai o menino indefinidamente pelo caminho pedindo a cada um alguma coisa, e tendo que dar algo em troca por aquilo que pede. O que mais me fascinava era toda a volta da história dita pelo menino para justificar o pássaro que tanto queria. Hoje não acredito que hajam muitas pessoas, adultos e crianças, que tenham paciência para contar e ouvir um conto contado nestes termos. Mesmo assim, espero que agrade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Então é isso



  • Esquete: no teatro de revista e em programas de rádio e televisão, cena rápida, geralmente humorística.
  • Escalafobético: que se comporta de forma excêntrica, extravagante; sem jeito ou elegância; desengonçado.
Um humor excêntrico e desajeitado, para nos fazer pensar em rir, para nos fazer rir sem pensar, para nos fazer pensar sem rir. Falei humor? Tá bem, vá lá que ele é essencial a uma vida saudável, mas o título veio meio sem querer, aleatoriamente, e não é esse o único propósito disto aqui.

Achei curioso o nome (melhor seria dizer esdrúxulo) e o endereço http:// etc., etc., etc. estava livre, então me apossei dele. Penso em colocar uns quadrinhos de minha autoria, umas receitas de doces de autoria da patroa, uns textos que porventura soem úteis ou apropriados ao momento ou ao estado de espírito, postar umas fotos que às vezes tiro com a minha máquina fotográfica digital mequetrefe  (como essa com a dupla de gatos curtindo uma boa ressaca) e em breve, assim espero, mostrar alguns desenhos usando a técnica do hiper-realismo.

E para o que mais vier à mente: sejam bem-vindos.